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sexta-feira, 29 de maio de 2009

A feliz justiça cinematográfica

Toda grande produção cinematográfica possui uma infinidade de elementos a serem considerados, entre eles o capital investido é de grande importância para obter maior qualidade. Em tempos atuais arrecadar valores altos das bilheterias de cinema é só para profissionais e o sonho dos amadores. Concorrer ao internacionalmente reconhecido Oscar é digno apenas para os experts.
E merecidamente este ano o filme “Quem quer ser um milionário?” conseguiu quebrar todos os tabus, faturou US$326 milhões (R$ 635 milhões de reais, aproximadamente) nas bilheterias, quatro globos de ouro e de quebra ainda levou oito Oscars.
Mas o grande assunto desta vez não é a meritocracia do filme mas o azar do senhor Azharuddin, parece até piada. Azharuddin Mohammed Ismail é um astro mirim de apenas 10 anos que interpretou o personagem Salim, irmão de Jamal Malik (papel principal) em “Quem quer ser um milionário?”.
O mini-astro que deveria estar um pouco melhor de vida cada vez mais sente-se na sarjeta. Este mês funcionários da prefeitura de Mumbai (Índia) demoliram a casa do menino. Declarada ilegal pelo município a residência do jovem foi destruída por tratores juntamente com outras 30 construções de um bairro pobre da cidade. O garoto estava dormindo quando autoridades ordenaram que sua família deixasse a casa. Em seguida as construções foram destruídas.
Segundo o jovem “Um policial sacou um bastão de bambu para me bater e fiquei com muito medo”. Pelo que se vê todos os milhões e troféus arrecadados pela direção mudaram pouco a vida dos atores do filme, escolhidos pela equipe cinematográfica. Os atores ganharam presentes e espaço na mídia por algum tempo, mas seu dia a dia continua praticamente inalterado nas favelas do maior centro econômico da Índia.
A família de Azharuddin, juntamente com as outras famílias despejadas (inclusive a família de Rubina Ali também participante do filme *na foto), foram jogadas totalmente à rua da amargura, afinal os funcionários da prefeitura sequer avisaram com antecedência para que as pessoas tivessem oportunidade de retirar seus pertences.
A produção do filme afirmou ter feito o máximo para ajudar os atores mirins. Um fundo de assistência foi criado, batizado de Jai Ho, com o objetivo de garantir moradia e educação superior ao elenco. Também foram doados US$ 747.500 (R$ 1.457.625 de reais, aproximadamente) para as crianças das favelas de Mumbai, representadas no filme.
O produtor Christian Colson disse que o fundo criado já conta com uma alta quantia, mas não quis revelar o valor exato. Ele disse temer que, ao divulgar a cifra, as crianças que fizeram o filme sejam “exploradas”.
E talvez o Sr. Colson prefira proteger o jovem Azharuddin resguardando-o debaixo de uma ponte se esbaldando nos banquetes ofertados nos latões de lixo e aquecidos pelos edredons formados por jornais e estudando a lei-prática da criminalidade. E somente após duas semanas de muita crítica na mídia é que a produção veio a ofertar uma nova residência ao garoto.
Tiramos o chapéu ao Sr. Christian Colson pela proteção ao jovem e esperando que seus filhos nunca passem por tal proteção.

Um comentário:

Daniel Savio disse...

Aff, pe muita sacanagem, pois a única coisa que estou notando, que rodaram um filme de baixo custo e com grande retorno...

Fique com Deus, menino.
Um abraço.