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sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Pacto Lula-Sarney racha PT

Como sucedeu com o escândalo do mensalão, um novo episódio deixou sérias fissuras dentro do PT, conseqüência do férreo apoio de Lula (PT) a seu aliado político José Sarney (PMDB), atual Presidente do Senado, acusado de varias irregularidades.
Lula apoiou a Sarney por dois motivos. O principal, para fortalecer as probabilidades de sua candidata á sucessão presidencial de 2010, Dilma Rousseff, quem hoje se encontra longe do opositor governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Outro fator que também é investigado é o peso do PMDB na Comissão Parlamentar de Investigação (CPI) que investiga irregularidades na estatal petroleira, Petrobrás.
A investigação contra Sarney na Câmara foi marcada pela oscilante postura do PT ora obedecendo Lula, ora tentando seguir seus ideais: desde o primeiro momento, a posição dos senadores petistas consistiu em alegar que Sarney havia incorrido sérias faltas éticas no exercício de seu cargo e não ocultou a intenção de acusá-lo de vários cargos no Conselho de Ética.
Ao tomar conhecimento da posição de seus senadores, Lula pôs todo o peso de sua popularidade e carisma para que Sarney saísse ileso de todas as acusações: desta forma arquivaram todas as acusações contra o Presidente do Senado.
Lula obteve seu triunfo, certificando que as 11 acusações contra Sarney que incluíam delitos como nepotismo, tráfico de influência e desvio de recursos públicos, passaram no esquecimento da política brasileira, feito que não poderia ser feito sem a influência de Lula sobre os três senadores do PT que compunham o Conselho de Ética.
Enquanto isso acontecia, a senadora Marina Silva anunciava sua saída do PT após 30 anos de filiação. Com fortes críticas à posição de Lula a ex-Ministra do Meio Ambiente da atual gestão afirmou que “o PT perdeu sua base ética apoiando Sarney”.
Nos próximos dias, Silva se filiará ao Partido Verde (PV) e se candidatará à presidência de 2010, um ato político que certamente dará uma guinada nas pesquisas eleitorais, conquistando uma boa parcela da pouco carismática Dilma Rousseff e do candidato do PMDB (José Serra ou Aécio Neves, ambos governadores de São Paulo e Minas Gerais, respectivamente).
Porém mais dura foi a posição do senador petista Flavio Arns, que enquanto anunciava sua renúncia, manifestou que “Pode dizer que sinto vergonha de estar hoje no PT”.
Outra significativa baixa foi a de Aloizio Mercadante, líder do PT no senado, quem redigiu algumas semanas uma carta aberta sugerindo que Sarney desse um passo atrás para evitar maiores prejuízos. A carta de Mercadante contou com o apoio de 12 senadores do PT.
Sem demora, desde o Planalto, sede do Executivo, Mercadante foi coberto de críticas por parte do ministro das Relações Institucionais, José Mucio e, pelo outrora poderoso chefe do gabinete de Lula, José Dirceu, os quais negaram que a bancada petista acompanhará a posição do líder do partido e desfalcarão sistematicamente o partido.
O maior absurdo aconteceu no momento da votação do Conselho de Ética: Mercadante circulou uma nota exortando aos três integrantes da bancada governante a defender Sarney e arquivar todas as causas contra o mesmo, porém deixou claro que aquela não era sua posição pessoal.
Atrás da votação, e em meio às fortes pressões políticas que recebeu desde o começo da investigação contra Sarney, Mercadante anunciou ontem, 20, com a decisão do partido que deixaria seu cargo á frente da condução do PT na Câmara alta e não deveriam surpreender se renunciasse a bancada governante nos próximos dias, porém hoje, 21, logo pelas primeiras horas desta sexta-feira Mercadante anunciou durante discurso no Plenário da Casa que permanece no cargo após longa reunião com Lula durante a madrugada.
Novamente, o PT, caracterizado historicamente pos suas férreas posturas políticas, se viu imerso em um dilema entre o pragmatismo e convicções políticas, e mais uma vez, produziu uma rachadura no partido de Lula cuja dimensão momentaneamente não se pode prever o grau.

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