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domingo, 29 de novembro de 2009

Analistas argentinos diagnosticam difícil progresso do país

Sempre houve um certo ‘revanchismo’, mesmo que disfarçado, entre Brasil e Argentina. Com a ‘transformação’ do Brasil em potência mundial a Argentina se vê obrigada a definir estratégias de integração com seu principal sócio comercial, para não ficar no grupo de parentes pobres. Visualizando a disparada brasileira, um grupo de analistas argentinos decidiram fazer um diagnóstico para os hermanos:
O ex-presidente do banco central argentino, Javier González Fraga pontua: “É uma enorme sorte ter como visinho uma potência mundial. Brasil protagonizou um desenvolvimento econômico e uma inserção internacional nos últimos 10 anos. Nosso desafio é ser o Canadá, e não o México, deste novo Estados Unidos do Sul”.
Precisamente, o que falta aos argentinos é uma estratégia a longo prazo para disputas comerciais, que retrocedem a cada ano, e que gera discussões pela aplicação de licenças não automáticas. “O Brasil necessita da Argentina para se tornar uma potência. A Argentina agrega 25% adicional ao mercado brasileiro e em algunas áreas da produção tem um nível de sofisticação maior. Po isso há que avançar em uma agenda positiva”, pontua Bernardo Kosacoff.
Mais adiante o aumento do déficit comercial parece ser uma das principias dificultades argentinas: “O principal desafio da Argentina é construir uma agenda ofensiva e para isso é necesario uma estratégia cooperativa entre setor público e privado, o que parece muito distante do horizonte atual”, diz Roberto Bouzas.
Tais estratégias deveriam ser compostas por: “A Argentina tem que concentrar seus esforços em ser um provedor de bens e serviços de qualidade. Devemos evitar ser simples provedores de matérias-primas não elaboradas, como trigo, ou abastecer o Brasil de mão-de-obra barata. Isso seria uma descapitalização para o país. Podemos vender no Brasil bens e serviços muito elaborados, a preços mais competitivos que os oferecidos pelos europeus ou americanos. O importante é ver o Brasil como complemento, e não como competência”, aponta González Fraga.
Para analistas, exportar valor agregado é um dos eixos centrais desta estratégia: “Hoje no comércio internacional se ganha dinheiro colocando produtos terminados. Os dois países juntos produzem 70% das proteínas que demanda o mundo e há muito a avançar. No desenvolvimento de sementes e em biotecnología Argentina está mais avançada que o Brasil” considera Kosacoff.
Segundo Bouzas, “travar o ingresso de produtos brasileiros para defender a produção local nem sempre é o melhor caminho”, para González Fraga o melhor seria “criar condições para que o capital brasileiro invista em nosso país, aproveitando que eles tenham um acesso muito mais fluente ao mercado de capitais mundiais”, considera González Fraga.
As posibilidades são muitas, porém segundo analistas, o governo não esta dando os passos corretos para avançar nesse caminho. “Se a Argentina segue na posição atual perderá sua direção rumo ao progresso. O pior que pode acontecer é que nem seja delineada uma estratégia com o Brasil. Desta forma não seremos nem um Canadá nem um México. A sensação é que, a cada ano, a Argentina perde posições dentro do radar brasileiro”, destaca.
Alfredo Chiaradía, secretario das Relações Economicas Internacionais, sentencia: “A estratégia argentina de integração não está limitada ao Brasil. A Argentina tem potencial para ocupar um round muito importante na economia do futuro. Porém a imprensa prefere falar sempre do ‘gigante brasileiro’ em lugar de ressaltar o potencial local”.
Para González Fraga, o principal empecilho para o avanço de uma integração positiva é político e não econômico.
“Para que tudo isso seja possível, é fundamental distanciarmo-nos do grupo de países ao que não pertencemos nem por história, nem por estrutura social, que são Venezuela, equador e Nicarágua, e aproximarmos de Chile, Uruguay e Brasil, com quem nos unem laços históricos e realidades comuns. Penso que tudo isso só será possível na era Pós-Kirchner”.

Um comentário:

Anônimo disse...

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